THAIZA ASSUNÇÃO – DA REDAÇÃO
O delegado Bruno França, responsável pela investigação do assassinato de uma mulher e as três filhas em Sorriso (a 415 km de Cuiabá), classificou como “oportunismo” a defesa de políticos em torno da prisão perpétua e da pena de morte após o crime.
Conforme o delegado, é impossível debater esse assunto porque são cláusulas pétrea da Constituição, ou seja, não podem ser alteradas.
“Sinceramente, isso aí é oportunismo. As pessoas se aproveitam de uma situação que causa comoção, do ódio coletivo para ganhar empatia, para se promoverem”, disse o delegado em entrevista ao Jornal da Rádio CBN Cuiabá na manhã desta sexta-feira (1). Veja a íntegra AQUI.
“Eu não entro em debate que fala sobre prisão perpétua e pena de morte porque isso é cláusula pétrea da Constituição. Por que eu vou discutir uma mudança que é impossível de acontecer? É uma perda de tempo e nós não temos esse tempo para perder”, acrescentou.
Para o delegado, a solução está em mudanças na liberdade provisória e progressão de regime.
“O que eu acredito que tinha que melhorar é questão de liberdade provisória e progressão de regime. Essa questão de liberdade provisória é absurda, porque a liberdade do criminoso vira caso um direito sagrado, e uma hora a conta chega. Chegou para essa família. Esse cara foi preso por latrocínio e ficou quatro meses preso”, disse.
“Outra situação impensável é a questão de progressão de regime. O cara pega 20 anos de cadeia, mas fica preso apenas cinco anos. Por que, então, pegou 20 anos?”, questionou.
Dessa forma, para o delegado, não adianta sequer aumentar as penas dos crimes.
“O que precisava era o cara cumprir a pena dele preso. E isso dá para mudar na legislação. Isso não é cláusula pétrea. Isso aí é muito simples”, finalizou.
O crime
Cleci Calvi Cardoso, de 46 anos, e as filhas, Miliane Calvi Cardoso, de 19, Manuela Calvi Cardoso, de 13, e Melissa Calvi Cardoso, de 10, foram mortas na última sexta-feira (24) por Gilberto Rodrigues dos Anjos.
O assassino ainda estuprou a mãe e as duas filhas mais velhas quando elas ainda se contorciam.
Gilberto trabalhava em uma obra ao lado da casa das vítimas e invadiu a residência na noite de sexta quando elas estavam sozinhas em casa.
O marido de Cleci e pai das meninas é caminhoneiro e estava no Paraná a trabalho.
Os corpos das vítimas foram localizados na manhã de segunda-feira (27) após vizinhos notarem a ausência da família desde o final de semana.
Gilberto trabalhava normalmente quando a polícia conseguiu identificá-lo como autor do crime.