A 5ª Reunião Ordinária do Conselho Temático da Agroindústria (Coagro) da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso (Sistema Fiemt) reuniu, nesta semana, representantes do setor produtivo, especialistas e instituições parceiras para discutir três temas estratégicos para o desenvolvimento da agroindústria: infraestrutura logística rural, soluções financeiras e inovação aberta.
O encontro contou com apresentações da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), da fintech Creditares e do Instituto Senai de Tecnologia. “Estradas, crédito e inovação não são assuntos isolados: são pilares para transformar potencial produtivo em resultado econômico. O Coagro segue cumprindo sua missão de conectar agenda, conhecimento e soluções para o setor industrial ligado ao agro”, afirmou opresidente do Conselho, Cleiton Gauer.
Infraestrutura vicinal: o gargalo que ainda atola o Brasil que produz
A analista Elisângela Lopes, da CNA, apresentou o estudo nacional sobre estradas vicinais, revelando a dimensão do impacto logístico na competitividade do agro. Segundo o levantamento, mais de 1,4 bilhão de toneladas de produtos agropecuários são transportados por estradas vicinais todos os anos no país, mas a precariedade desses trechos gera perdas econômicas superiores a R$ 16,2 bilhões anuais e emissões adicionais de gases do efeito estufa.
“Hoje, o Brasil produz, mas ainda atola. As estradas vicinais são tratadas como vias secundárias, mas são a porta de entrada e saída da produção. Sem investimentos, perdemos produtividade, qualidade e competitividade”, afirmou Elisângela.
O estudo destacou ainda que Mato Grosso está entre os estados com maior extensão de estradas vicinais do país — mais de 114 mil km, distribuídos em microrregiões estratégicas para o agro. A CNA propõe a adoção de um modelo de priorização baseado em indicadores econômicos, sociais, ambientais e logísticos, com estimativa de investimentos acima de R$ 549 milhões anuais em manutenção e adequação das vias no estado.
Crédito para o agro: crise, inovação e novos modelos
O agronegócio enfrenta uma de suas maiores crises recentes na oferta e custo de crédito rural. Apesar disso, o CEO da Creditares, Daniel Latorraca, ressaltou que o mercado passa por uma transformação estrutural baseada em tecnologia, novos instrumentos financeiros e modelos híbridos de atendimento.
“Estamos vivendo uma revolução silenciosa no crédito. Quem conecta tecnologia, dados e capilaridade vai conseguir destravar investimentos e reduzir riscos. Nosso papel é descomplicar, agilizar e especializar o acesso ao financiamento para o produtor e para a agroindústria”, explicou.
Inovação aberta: conexão entre indústria e startups
A terceira edição do Programa Agro.Ind, iniciativa que conecta indústrias mato-grossenses a startups para resolver desafios reais do setor, foi apresentado por Romulo Pereira, coordenador do Instituto Senai de Tecnologia.
A nova rodada do programa prioriza desafios relacionados à digitalização de processos, manutenção inteligente, logística avançada e transformação de resíduos em novos modelos de negócio. “Nosso objetivo é gerar soluções aplicadas, reduzir custos, aumentar eficiência e acelerar a transformação tecnológica das indústrias do agro”, reforçou.
