A deputada federal Rosa Neide (PT) se mostrou contra o projeto de implantação de novas escolas militares em Mato Grosso, tema que vem sendo pautado pelo governo estadual. Ao Jornal da CBN Cuiabá, na manhã desta terça-feira (09), a parlamentar saiu em defesa do ensino civil e apontou que “quando a polícia entra na escola, os professores perdem a autoridade”.
À reportagem, a parlamentar lembrou o período em que foi secretária de Estado de Educação e apontou que sempre manteve diálogo aberto com as Polícias Civil e Militar, sobretudo em prol da segurança de alunos. Contudo, a deputada revelou que os estudantes só conseguem atribuir autoridade a quem está fardado.
“Pessoas muito renomadas da polícia que a gente trazia para discutir, quando fui secretaria, diziam que no momento em que a polícia entra na escola os educadores perdem a autoridade. Os alunos só olham a autoridade quem está fardado. O trabalho da polícia é no entorno da escola”, apontou a deputada
Além disso, Rosa Neide rebateu o apontamento de quem defende o fato de as escolas militares terem indicadores maiores no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). Paralelamente, a deputada apontou que os institutos federais também têm notas altas, sobretudo por conta da estrutura e dos investimentos.
“As escolas militares elas têm mesmo que ter um IDEB maior, elas fazem uma seleção para entrar. Um dos melhores IDEBs do Brasil é o dos institutos federais. Então, vamos colocar em primeiro plano e analisar eles. Não tem polícia, só civis. Eles têm boas estruturas de prédios, bons equipamentos, bons professores de carreira e faz seleção para entrar”, argumentou.
Por fim, a deputada trouxe para a discussão o fato de o Brasil ser o único país do mundo a adotar projeto de ensino no qual a polícia tenha o protagonismo educacional dentro das salas de aula. Rosa Neide destacou que todas as nações mais democráticas mantêm a ideia de que a escola é da sociedade civil.
“Enquanto professora, tive o cuidado de fazer essa pesquisa. O Brasil é o único país do mundo que teve um projeto como esse no mundo. Não temos mais nenhuma referência de projeto como esse. Isso me preocupa bastante, porque os países mais democráticos do mundo têm a clareza que sociedade civil é sociedade civil”, finalizou a parlamentar.