THAIZA ASSUNÇÃO – DA REDAÇÃO
A Justiça Militar aceitou a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) contra quatro policiais militares acusados de integrar uma organização criminosa que teria forjado um confronto armado para encobrir a execução do advogado Renato Gomes Nery, morto em julho de 2023, em Cuiabá.
Apesar da gravidade das acusações, o juiz João Bosco Soares da Silva, da 11ª Vara Criminal da Capital, negou o pedido de prisão preventiva, optando por impor medidas cautelares como monitoramento eletrônico, proibição de contato com testemunhas, recolhimento domiciliar noturno, além da suspensão do porte de armas e do exercício da função pública.
Foram denunciados os PMs Jorge Rodrigo Martins, Wailson Alessandro Medeiros Ramos, Wekcerlley Benevides de Oliveira e Leandro Cardoso.
Os militares vão responder pelos crimes de organização criminosa, abuso de autoridade, porte ilegal de arma de uso restrito e falsidade ideológica, todos cometidos em contexto de violência e com simulação de confronto armado. Todos já estão afastados da Polícia Militar.
Conforme a denúncia, eles teriam simulado um confronto no bairro Pedra 90, no dia 12 de julho de 2023 — uma semana após o assassinato do advogado — para plantar com supostos criminosos a arma utilizada no crime.
Durante essa ação forjada, segundo o MPE, uma pessoa foi morta (Walteir Lima Cabral) e outras duas alvos de tentativa de execução (Pedro Elias Santos Silva e Jhuan Maxmiliano de Oliveira Matsuo Soma).
O crime
Renato Nery foi baleado na cabeça no dia 5 de julho de 2023, ao chegar em seu escritório na Avenida Fernando Corrêa da Costa, em Cuiabá. Ele foi socorrido e submetido a cirurgia no Complexo Hospitalar, mas morreu no dia seguinte.
O autor do disparo, Alex Roberto de Queiroz Silva, confessou o crime. As investigações apontam que ele agiu a mando dos empresários César Jorge Sechi e Julinere Goulart Bastos, motivados por disputa de terras no interior de Mato Grosso.