CAMILA RIBEIRO E THAIZA ASSUNÇÃO – DA REDAÇÃO
Alvo de uma operação que investiga um suposto esquema de cobrança de propina para favorecer uma empresa ligada às obras do Contorno Leste, o vereador Chico 2000 (PL) reagiu com indignação às suspeitas.
Por decisão judicial, ele está afastado temporariamente do mandato. A ação foi deflagrada na manhã desta terça-feira (29), pela Delegacia de Combate à Corrupção (Deccor) e também resultou no afastamento do vereador Sargento Joelson (PSB).
Segundo a Deccor, ambos teriam solicitado propina a um funcionário da empresa. A prática estaria relacionada à aprovação de um projeto legislativo que viabilizou o pagamento de dívidas da Prefeitura com a construtora.
“O que eu tenho com isso? Eu não sou prefeito. Não faço mensagens do Executivo. Os projetos passam pelas comissões da Casa e pelo plenário. Gostaria de saber onde eu entro. [Os agentes] estiveram no meu gabinete e não apreenderam nada. Olharam o que quiseram. Entreguei o celular e a senha. No gabinete não apreenderam nada”, disse Chico à imprensa.
Ainda segundo a Polícia Civil, parte da suposta propina exigida pelos vereadores para beneficiar a construtora teria sido negociada e paga em espécie no gabinete de um dos parlamentares na Câmara da Capital.
“Aqui tem câmeras, quem entra aqui vê a hora que quiser. É só requerer as imagens. Falaram sobre Pix? É só quebrar o sigilo bancário e vai ver. O que não pode é ficar de especulação e jogar o nome das pessoas no vento. Isso não pode e não vou aceitar”, afirmou Chico 2000.
“Quem não deve não teme. Eu não devo. Se eu atendi A, B ou C na presidência, atendi porque como presidente eu sempre atendi a todos. Atender na presidência é crime?”, questionou.
Durante o cumprimento dos mandados na manhã de hoje, a polícia buscou o controle de acesso à Câmara e imagens do período de agosto de 2023 a agosto de 2024.
A obra do Contorno Leste está orçada em R$ 125 milhões e foi lançada à época da gestão do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB).
Alvos
Além dos vereadores, um empresário e dois funcionários da construtora são alvos da operação. Ao todo, foram 27 ordens judiciais.
A Justiça determinou o bloqueio de bens, sequestro de valores e quebra de sigilos telefônicos e eletrônicos dos envolvidos.
Os investigados também estão proibidos de manter contato entre si, com testemunhas e servidores da Câmara, bem como de frequentar o órgão legislativo ou o canteiro de obras do Contorno Leste.
Também foi determinado o recolhimento de passaportes e a proibição de deixar a cidade sem autorização judicial.