ANA MOURA – DA REDAÇÃO
O prefeito de Cuiabá Abilio Brunini (PL) defendeu na manhã desta terça-feira (18), a descentralização do Centro Político Administrativo. Em entrevista à CBN Cuiabá, a gestão municipal cravou que nenhuma obra viária será capaz de resolver o caos do trânsito na região, defendendo que a única saída seria retirar alguma secretaria do polo central.
A crítica recai sobre a cultura do deslocamento individual e a concentração dos serviços em um único ponto.
A ideia da descentralização é distribuir o destino, evitando que sejam muitos veículos indo para o mesmo lugar.
Segundo a análise do prefeito, no passado, a concentração fazia sentido, mas hoje é insustentável.
“Não tem infraestrutura urbana que vai conseguir resolver o problema do Centro Político Administrativo. Não tem mais lógica. Hoje em dia são três avenidas que dão acesso ao mesmo destino final, isso só faria sentido se os servidores públicos optassem por usar o transporte coletivo”, afirma.
O grande desafio, conforme Brunini, é a recusa dos servidores em adotar o transporte coletivo. Segundo ele, os servidores priorizam o conforto do veículo particular.
“Pode colocar o VLT, o ART, BRT, qualquer coisa que for, o servidor público em sua maioria, ele vai continuar andando no seu carro, porque ele preza pelo conforto individual”, diz.
A impossibilidade de ampliar as vias no entorno do Centro torna a descentralização inevitável, de acordo com o prefeito. “O centro político está no seu limite, a solução, ao meu ver, é a descentralização ou escalonamento da jornada de trabalho,” frisou.
A estratégia já está sendo aplicada no município. A Secretaria de Saúde de Cuiabá foi citada como exemplo, após ser transferida para uma área de menor conflito de tráfego, no Bairro Porto.
“Nós estamos fazendo isso. Colocamos a Secretaria de Saúde no Porto, onde temos uma mobilidade mais acessível e tranquila,” revelou Brunini, indicando que outras secretarias seguirão o mesmo caminho.
Olhando para o futuro, a gestão do município aposta que a descentralização será natural, impulsionada pela tecnologia.
“80% do serviço que é feito lá, já poderia ser feito remotamente porque as pessoas chegam, sentam no computador e fazem o trabalho lá e isso pode ser feito em qualquer lugar pelo computador,” disse Brunini, antes de lançar o debate sobre o impacto da Inteligência Artificial.
Brunini ainda explica que a expectativa é que a Inteligência Artificial (IA) e a virtualização do trabalho possam, em breve, absorver até 80% dos serviços da administração, tornando a concentração física de servidores obsoleta.
“As três secretarias do Estado com maior número de servidores que é a de Gestão, Educação e de Saúde estão no mesmo raio de 600 metro de ocupação. Ainda tem o maior órgão em número de servidores que é a Assembleia Legislativa de Mato Gropsso, no mesmo lugar. Ai temos o Tribunal de Justiça e demais órgãos do agro no mesmo lugar então o trânsito vai louco mesmo”, finaliza.
