A juíza Mônica Catarina Perri Siqueira, da Vara do Tribunal do Júri de Cuiabá, rejeitou o pedido de suspeição apresentado pela defesa de Mário Wilson Vieira da Silva Gonçalves, réu em processo por homicídio. A magistrada também adiou o julgamento para maio de 2026 e determinou a reinstalação da tornozeleira eletrônica do acusado, que estava desativada há cerca de seis meses.
Segundo a defesa, a juíza teria adotado postura inadequada na sessão do júri que começou em 15 de dezembro e foi interrompida no dia seguinte, apontando suposto “protagonismo judicial”, violação à “paridade de armas” e desrespeito à advocacia. Os advogados pediam o afastamento da magistrada do caso ou o encaminhamento do processo à instância superior com efeito suspensivo.
Na decisão, a juíza afirmou não haver qualquer elemento que indique parcialidade. Destacou que suas intervenções tiveram o objetivo de condução regular dos trabalhos, conforme previsto no artigo 497 do Código de Processo Penal, e negou favorecimento à acusação. Também frisou que o Conselho de Sentença formado na sessão dissolvida não participará do novo julgamento, eliminando risco de prejuízo às partes.
A magistrada citou entendimento do Superior Tribunal de Justiça ao afirmar que divergências sobre condução processual não configuram suspeição e que uma postura mais firme do juiz não tem capacidade de influenciar jurados.
Júri remarcado
O Ministério Público havia pedido nova data para o julgamento devido à juntada de documentos ao processo. O pedido foi aceito para garantir o acesso da defesa ao material e preservar o contraditório. A sessão foi remarcada para 12 de maio de 2026, em Cuiabá.
Tornozeleira reativada
A decisão determinou ainda o retorno do monitoramento eletrônico de Mário Wilson. O equipamento teria se soltado da perna do réu e não foi recolocado. Ele deverá comparecer à Central de Monitoramento em até 48 horas, sob risco de prisão preventiva e perda das medidas cautelares. Permanecem ativas restrições como recolhimento noturno, proibição de contato com testemunhas, suspensão do porte de arma e necessidade de informar mudança de endereço.
O caso
O crime ocorreu em uma conveniência de posto de combustíveis de Cuiabá. A vítima, o policial militar Thiago Ruiz, estava no local acompanhada do policial civil Walfredo Raimundo Adorno Moura Junior. Mário chegou depois, conversou com Thiago e, segundo imagens, tomou o revólver que o PM carregava na cintura após desconfiar que ele não era policial.
Houve discussão e agressão física. Durante a briga, já no chão, Mário efetuou o disparo que matou Thiago. Ele se apresentou à polícia no dia seguinte, afirmou não saber explicar por que tomou a arma e disse ter atirado porque temeu pela própria vida durante o confronto.
