A presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso (OAB-MT), Gisela Cardoso, anunciou que tomará medidas contra a juíza Mônica Perri, após um episódio ocorrido durante um Júri Popular presidido por ela. A OAB-MT acionará a corregedoria do Tribunal de Justiça Militar (TJM) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em protesto a uma suposta declaração desrespeitosa feita pela magistrada, que teria dito: “OAB que se dane”.
O julgamento em questão apura a morte do policial militar Thiago Ruiz, assassinado a tiros em abril de 2023, em Cuiabá. O acusado é o investigador Mário Wilson Vieira da Silva, e a confusão ocorreu durante a sessão de julgamento. De acordo com a OAB-MT, a atitude da juíza foi considerada um desrespeito às prerrogativas da instituição e à atuação dos advogados, levando à dissolução do Conselho de Sentença e à seleção de novos jurados.
Em declarações à imprensa, Gisela Cardoso lamentou o ocorrido e destacou a importância da união da categoria em defesa das prerrogativas da OAB. Ela afirmou que a Ordem buscará todas as medidas necessárias para garantir o respeito à instituição, que representa a voz da sociedade civil organizada. “A OAB é uma das instituições mais importantes do país e merece ser respeitada. Exigiremos isso”, afirmou.
A presidente da OAB-MT também justificou a decisão de reconstituir o júri, alegando que a medida é essencial para evitar qualquer influência nos jurados que presenciaram o episódio de violação das prerrogativas. “Essa decisão é necessária para afastar qualquer contaminação dos atos realizados, garantindo a imparcialidade do julgamento”, explicou.
O julgamento será retomado nesta quarta-feira (17), às 8h.
Tumulto na sessão
O advogado Claudio Dalledone relatou que, durante o conflito, a juíza Mônica Perri teria proferido a frase “que se dane a OAB”, e a situação foi registrada em vídeo. Entretanto, uma fonte informou à reportagem que, durante o julgamento, os advogados de defesa se comportaram de maneira agressiva, gritando e sendo considerados grosseiros e misóginos. Dalledone, por sua vez, defendeu que a juíza agiu de maneira autoritária, ao ordenar que os membros da Comissão de Prerrogativas da OAB fossem retirados do plenário pela polícia.
O caso
O crime que motivou o julgamento aconteceu em uma conveniência de um posto de combustíveis de Cuiabá, na madrugada de 13 de abril de 2023. O policial civil Walfredo Raimundo Adorno Moura Junior e o policial militar Thiago Ruiz chegaram juntos ao local, onde Mário Wilson, também policial, os encontrou. Imagens das câmeras de segurança mostram uma conversa entre o suspeito e a vítima, que acabou escalando para um desentendimento. Durante a discussão, Mário desconfiou que Thiago não fosse realmente um PM e tomou a arma do policial, iniciando uma luta que culminou no disparo fatal.
Mário se entregou à polícia menos de 24 horas após o ocorrido. Em seu depoimento, ele não soube explicar claramente por que tomou a arma de Thiago, mas justificou o tiro alegando ter agido em legítima defesa, temendo ser morto pelo policial durante a briga.
