O filho do idoso João Pinto, José Antônio Ribeiro Pinto, negou que a família tenha fechado qualquer acordo com o prefeito Abilio Brunini (PL) para venda da área no Contorno Leste. Em entrevista à imprensa nesta terça-feira (2), José afirmou que o município tenta impor a desapropriação sem consentimento dos herdeiros.
A área ocupada irregularmente tem cerca de 270 hectares e pertence a três proprietários, incluindo a família de João Pinto. Apenas os herdeiros do idoso recusaram vender o terreno, onde vivem hoje 1.170 famílias que cobram regularização.
José disse que o anúncio da regularização foi feito pela prefeitura sem consulta prévia à família.
“O prefeito, o tempo todo, ele preza pela propriedade privada, é claro. Ele disse que falou Em valores. Eu me recuso a falar de valores. Meus irmãos também estão na mesma toada. A gente quer o nosso direito preservado. A propriedade é nossa e foi conquistada, a duras penas, desde 1967”, afirmou.
Segundo ele, houve conversas anteriores sobre alternativas para a área, mas o governo municipal decidiu avançar com a regularização sem diálogo. Ele relatou ainda que a família chegou a doar uma área de 5,7 hectares para atender famílias carentes, mas o município recusou.
“Por motivos que a gente desconhece, a prefeitura não aceitou essa doação. Já tem essa área para as famílias carentes”, disse.
A Prefeitura de Cuiabá informou que a área doada não comportaria todas as famílias instaladas no local, apenas parte delas.
José negou que a recusa em vender esteja ligada ao valor da indenização.
“Não se trata de dinheiro. Meu pai perdeu a vida na propriedade. Ele trabalhou a vida inteira lá, eu cresci naquela propriedade. Ele foi humilhado naquele local e perdeu a vida no dia do aniversário da minha mãe”, declarou.
A avenida Contorno Leste foi construída dentro da área rural usada pela família para pecuária. As ocupações começaram em fevereiro de 2023, segundo o herdeiro.
“Entramos com ação para despejo e ganhamos, mas este é um processo longo”, disse.
Assassinato
João Pinto, 87, foi morto em 23 de fevereiro de 2024, na região do Contorno Leste. Ele foi assassinado por um policial civil. O caso é investigado pela DHPP.
