ANA MOURA – DA REDAÇÃO
O decreto do prefeito Abilio Brunini (PL), que centraliza a interlocução de Cuiabá com o Governo Federal, provocou um embate na Câmara Municipal. A medida impede que vereadores e até a vice-prefeita Vânia Rosa (Novo) busquem recursos sem autorização, gerando tensão e ironias no plenário. Segundo parlamentares, a medida colocaria “em xeque” um investimento de R$ 18 milhões destinados ao Contorno Leste.
O decreto surge em meio ao anúncio da vice-prefeita de que buscaria ações para fortalecer seu gabinete e investimentos diretamente em Brasília. Brunini rebateu afirmando que a Lei Orgânica confere ao prefeito a representatividade institucional, e criticou iniciativas paralelas.
“Recebo todos, indiscriminadamente. Com exceção do Lula, isso é claro. O decreto apenas reafirma que a representatividade é uma função legal do prefeito, e não de quem queira se colocar nesse papel”, disse.
O vereador Jefferson Siqueira (PSD) rebateu: “Depois que a vice-prefeita disse que iria buscar recursos em Brasília, o senhor publicou um decreto para que ela não fale em nome de Cuiabá. Isso não seria, no mínimo, constrangedor para uma mulher que apenas quer investir na nossa cidade?”, questionou.
Entre os temas em discussão estão parcerias com o terceiro setor, iniciativa privada e investimentos federais em saúde, infraestrutura e obras do Contorno Leste. Siqueira chegou a convidar Brunini para ir a Brasília se reunir com o ministro da Agricultura e senador licenciado Carlos Fávaro (PSD).
“Vamos lá, prefeito. Eu prometo esses R$ 18 milhões ainda este ano, se o senhor for comigo a Brasília.”
Brunini rebateu com ironia, destacando a urgência dos recursos. “A picanha já chegou? O ministro prometeu os R$ 18 milhões para o Contorno Leste, mas só para o ano que vem. O socorro precisa vir agora. Se ficar esperando, a população vai estar na rua em outubro.”
Apesar do embate, tanto Executivo quanto vereadores reforçaram que permanecem abertos a soluções conjuntas para destravar investimentos federais em Cuiabá.