FELIPE IGREJA – DA CBN
Em meio a obras de reforma na Câmara dos Deputados, o presidente Hugo Motta proibiu a realização de sessões das comissões, impedindo deputados bolsonaristas de aprovarem moções de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
As comissões de Segurança Pública e Relações Exteriores foram convocadas, mesmo em meio ao recesso parlamentar, para aprovar matérias em apoio a Bolsonaro, alvo de medidas cautelares por ordem do Supremo Tribunal Federal.
Meia hora antes do início das reuniões, sendo que numa delas já havia quórum, Hugo Motta publicou um ato proibindo a realização de reuniões na casa até o dia 1º de agosto. A volta do recesso está marcada para o dia 4 de agosto. Os deputados aguardavam inclusive a presença de Jair Bolsonaro novamente no Congresso para participar dos atos, mas com o cancelamento dos trabalhos, o ex-presidente não foi à Câmara.
A Comissão de Segurança Pública iria aprovar uma moção de solidariedade a Bolsonaro, alegando que ele é alvo de perseguição política, enquanto a de Relações Exteriores iria avaliar uma moção de solidariedade à Bolsonaro e outra de repúdio às medidas cautelares impostas pelo Supremo à Bolsonaro, alegando que elas são arbitrárias.
O presidente da Comissão de Relações Exteriores, Filipe Barros, criticou a decisão de Hugo Motta de proibir as sessões no recesso e disse que as medias impostas a Bolsonaro já representam uma prisão para o ex-presidente.
“Sem haver trânsito em julgado no processo da farsa do golpe do dia 8 de janeiro, o presidente Bolsonaro foi vítima dessas medidas cautelares e vamos falar bem a verdade, o presidente Bolsonaro foi preso, porque as medidas cautelares que foram impostas a ele equivalem à prisão. Não houve condenação, não houve trânsito em julgado no processo, mesmo assim foram impostas medidas cautelares a ele.”
Sem poder utilizar as dependências da Câmara, a oposição perde um palco para defesa de Bolsonaro. O ex-presidente não pode deixar Brasília, por isso a tentativa de mobilizar deputados mesmo em meio ao recesso. Segundo o deputado Sanderson, Bolsonaro vai permanecer trabalhando na sede PL em Brasília e a pauta prioritária da oposição, na volta do recesso, é a aprovação da anistia e o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes do STF.
A oposição fez um pedido de sessão virtual extraordinária para votar a anistia, mas é pouco provável qualquer andamento da proposta nesse momento. A defesa de Bolsonaro vem sendo feita pela ala mais alinhada ao ex-presidente, enquanto nomes do Centrão, vem ficando de fora dessas mobilizações no Congresso.