Alvo da Operação Ragnatela na semana passada, o vereador Paulo Henrique (MDB) usou a tribuna da Câmara Municipal, nesta terça-feira (11), para se pronunciar sobre o assunto. Ele negou participação no esquema, chorou ao citar o filho autista e comunicou que vai se licenciar do cargo por 31 dias.
O pronunciamento foi feito um dia após sete vereadores protocolarem um pedido de abertura de um processo por quebra de decoro parlamentar contra ele.
A Ragnatela apura um esquema de lavagem de dinheiro do Comando Vermelho na compra de casas noturnas e realização de shows na Capital.
De acordo com a investigação, o parlamentar atuava em benefício do grupo na interlocução com os agentes públicos responsáveis pela fiscalização e concessão de licenças para a realização dos shows, sem a documentação necessária, recebendo, em contrapartida, benefícios financeiros.
“Como vereador, fui procurado por promotores de shows pretendendo a liberação de licenças e alvarás. Sempre me limitei a encaminhar tais pedidos para a Pasta específica. Sem nunca ter requerido qualquer privilégio a qualquer pessoa que seja”, afirmou o vereador.
O parlamentar disse que teve seu sigilo bancário quebrado e não foi encontrado nenhum depósito ilícito em suas contas.
Ele também negou que tenha recebido propina de uma empresa investigada por meio da doação de telhas para o Sindicato dos Agentes de Fiscalização e Regulação da Prefeitura de Cuiabá, do qual é presidente.
“A empresa não pagou propina para o sindicato. Foi o sindicato que pagou a empresa por uma reforma no espaço do sindicato. Foi pagamento de telhas, como parte do pagamento. Eu não recebi propina, eu paguei a empresa pelo serviço que fizeram”, disse.
Paulo Henrique ainda afirmou que não tinha conhecimento que servidores do seu gabinete mantinham suposto envolvimento com a facção. São eles: Willian Aparecido da Costa Pereira, o Gordão, e Elzyo Jardel Xavier Pires, que foram presos na operação. O chefe do cerimonial, Rodrigo Leal, também era uma indicação dele e também foi preso na ação.
“O indicado tem que apresentar todas as certidões criminais, antecedentes criminais. A partir da hora que ele termina o seu serviço aqui, eu não sei o que ele faz. Ninguém tem escrito na testa que faz parte de facção ou que não faz”, afirmou.
Operação Ragnatela
A operação cumpriu oito mandados de prisão preventiva e 36 de busca e apreensão em Mato Grosso e Rio de Janeiro, além do sequestro de imóveis e veículos, bloqueio de contas bancárias, afastamento de servidores de cargos públicos e suspensão de atividades comerciais.
As ordens judiciais foram expedidas pelo Núcleo de Inquéritos Policiais da Comarca de Cuiabá.
O esquema seria chefiado por Joadir Alves Gonçalves, conhecido como “Jogador”, que foi preso.
A Ficco-MT é composta por Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil e Polícia Militar de Mato Grosso.