THAIZA ASSUNÇÃO – DA REDAÇÃO
A defesa do empresário Carlos Alberto Gomes Bezerra protocolou recurso contra a decisão que o pronunciou a júri popular pelo assassinato da ex-namorada, Thays Machado, e o namorado dela, William Cesar Moreno.
O crime ocorreu no dia 18 de janeiro no Bairro Consil, em Cuiabá.
A pronúncia foi determinada pela juíza Ana Graziela Vaz de Campos Alves Corrêa, da Primeira Vara de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Cuiabá, no mês passado.
Carlos Alberto, que é filho do ex-deputado federal Carlos Bezerra, é réu por duplo homicídio qualificado por motivo torpe, perigo comum e utilização de recurso que dificultou a defesa das vítimas. Ele também responde por feminicídio contra Thays. O empresário está preso na Penitenciária da Mata Grande, de Rondonópolis.
No recurso, os advogados Francisco Faiad e Eduardo Barbosa, pedem que seja afastada as qualificadoras de motivo torpe, perigo comum e utilização de recurso que dificultou a defesa das vítimas.
Na prática, o pedido visa reduzir a pena que o empresário sofrerá no Tribunal do Júri.
Segundo a defesa, o motivo torpe não pode ser justificado pelo ciúme que o empresário sentia da ex, conforme jurisprudência do próprio Tribunal de Justiça de Mato Grosso.
“No caso dos presentes autos, o relatório técnico nº 2023.5.63561 (ID. 112259203) revelou que, dias antes do crime, o Recorrente chegou a contratar os serviços espirituais de uma “cigana” com o fim de reatar o seu relacionamento com a vítima Thays, a demonstrar que seu estado emocional não pode ser qualificado como torpe ou fútil, mas sim como um sentimento pessoal forte e explicativo do seu descontrole quando do cometimento do ilícito penal imputado”, diz trecho do recurso.
Já quanto ao perigo comum, a defesa sustenta não houve risco a integridade física de outras pessoas, uma vez que os disparos de arma de fogo foram dirigidos em apenas na direção de Thays e William
“A confirmar este entendimento, as próprias imagens das câmeras de segurança – tanto aquelas do edifício frente ao qual ocorreram os disparos, quanto as imagens colhidas por denúncia anônima – mostram que, na ocasião dos fatos, não havia pedestres ou transeuntes utilizando a rua ou a calçada onde as vítimas foram alvejadas”, diz trecho do documento.
Por fim, em relação a utilização de recurso que dificultou a defesa das vítimas, os advogados alegam que o casal não foi “surpreendido” pelo empresário, já que haviam dito contato com ele na madrugada anterior e tomaram conhecimento de que estava armado.
“As provas contidas nos presentes autos demonstram que as vítimas, na madrugada do mesmo dia do crime, tiveram contato direto com o Recorrente, ocasião em que este as perseguiu até uma delegacia de polícia. Veja-se, inclusive, que naquela ocasião as vítimas tomaram conhecimento de que o Recorrente estava armado”, diz trecho do documento.
“As imagens das câmeras de segurança do edifício Solar Monet permitem afirmar que, momentos antes do cometimento do crime, o Recorrente passa com o seu veículo em frente às vítimas, dando marcha ré logo em seguida, para, só após a manobra, iniciar os disparos. Não é razoável presumir, portanto, que as vítimas foram surpreendidas”, diz outro trecho do recurso.
O crime
Thays Machado Willian Moreno foram mortos em frente ao Edifício Solar Monet.
Eles foram até o edifício, onde mora a mãe dela, para deixar um veículo na garagem.
Ao sair na portaria para aguardar a chegada de veículo de transporte por aplicativo, as vítimas foram surpreendidas pelo assassino, que conduzia um Renault Kwid, e passou a fazer os disparos contra o casal, que morreu ainda no local.
A perícia preliminar de criminalística da Politec constatou que Thays foi atingida por três disparos, sendo dois nas costas e um na altura do quadril.
Willian, mesmo atingido no braço esquerdo e no peito com três disparos, ainda tentou fugir do atirador, mas caiu na calçada, a poucos metros de Thays.