Bruno dos Santos Diesel, de 26 anos, que confessou ter assassinado a namorada, a professora Valerie Angelita Petronetto Gonçalves, de 48, dentro de casa, em Lucas do Rio Verde ( a 330 km de Cuiabá), permaneceu na residência após o crime e ainda usou o cartão da vítima para comprar bebidas em um supermercado.
O corpo dela foi encontrado já em fase de decomposição, na manhã desta terça-feira (13). No imóvel, os policiais identificaram sangue pelo chão e paredes da casa, indicando que o corpo, possivelmente, havia sido arrastado até o quarto e depois ocultado.
Nas paredes, além do sangue, foram encontrados fios de cabelo, provavelmente, oriundos da violência empregada pelo assassino. A vítima apresentava lesões e fraturas na face, inclusive de dentes, e sinais de golpes causados por faca.
Em depoimento a Polícia Civil após ser preso, ele afirmou que matou a namorada na noite do último sábado (10).
Depois que o corpo da vítima começou a exalar odor, ele o escondeu em um dos quartos.
Bruno foi preso dentro de um ônibus, em Dourados (MS), tentando fugir.
A Delegacia de Lucas do Rio Verde apurou que o casal foi visto discutindo, na sexta-feira passada, data em que a família conseguiu contato com a vítima pela última vez.
Os investigadores apuraram ainda que o companheiro da professora havia saído na segunda-feira do imóvel, com o veículo que era utilizado pelos dois.
O automóvel foi localizado na rodoviária de Lucas do Rio Verde, apontando que o suspeito havia fugido.
Ele chegou na rodoviária de Lucas do Rio Verde no domingo (119) e bastante nervoso, perguntou o valor da passagem para a cidade de Marechal Cândido Rondon (PR).
Depois de ser informado que o valor era R$ 800, o suspeito mandou mensagem para um suposto tio, que lhe fez uma transferência imediatamente.
Duas horas depois de comprar a passagem, o autor do crime voltou à rodoviária e exigiu a devolução do dinheiro, dizendo que faria a viagem de táxi.
Os funcionários da empresa pediram que ele retornasse na segunda-feira, dia da viagem, e que o dinheiro seria devolvido. O suspeito retornou conforme combinado, porém, decidiu embarcar.
Imagens do circuito de segurança da rodoviária mostram o momento em que ele chega ao local, no carro da vítima, abandona o veículo e depois embarca.
Os policiais civis de Lucas do Rio Verde monitoraram o ônibus em que o suspeito viajava e apuraram que o veículo estava se aproximando da cidade de Dourados. A equipe da delegacia local foi avisada e conseguiu prendê-lo na parada de ônibus. Com o suspeito estavam objetos da vítima, como computador, celular, chaves do veículo e da casa, joias, cartões e documento pessoal.
Histórico de violência
O autor do feminicídio tem histórico de violência doméstica contra a vítima, com agressões constantes, conforme relatado aos policiais por familiares de Valerie.
Ele é investigado em outro inquérito policial da Delegacia de Lucas do Rio Verde, instaurado neste ano, pelo crime de lesão corporal no âmbito doméstico contra a professora
A vítima já havia registrado em ocasião anterior uma ocorrência de lesão corporal, dano e injúria praticados por ele. O crime resultou em flagrante, pelo qual ele foi preso. O procedimento foi concluído e remetido ao Judiciário.
Valerie permaneceu com medida protetiva de urgência pelo período de seis meses, desde janeiro deste ano. No final de julho, ela comunicou que não havia mais necessidade de continuidade.
“O combate à violência doméstica contra a mulher vai de norte a sul do nosso país, onde nos últimos anos o ordenamento jurídico foi revelar mecanismos para o efetivo combate e punição aos agentes que agridem e até matam mulheres. As inúmeras estatísticas apontam o quanto ainda temos a caminhar para a construção de um sistema punitivo de fato condizente com as necessidades atuais, em especial, pelo fato de ainda ecoar na sociedade uma sensação de impunidade nas sanções penais nos crimes que envolvem violência doméstica”, pontuou a delegada Ana Caroline ao representar pela prisão preventiva do autor do feminicídio.
As informações coletadas pela equipe do Núcleo de Atendimento à Mulher da Delegacia de Lucas do Rio Verde apontam que a vítima estava envolvida em ciclo de violência próprio das relações afetivas. “O que acabou ceifando sua vida, sendo imperiosa a intervenção estatal, com fundamento na Lei Maria da Penha”, resumiu a delegada.